segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Agosto

 







Exaustão


 

Me perguntaram que palavra descreveria pra mim esse ano, e na mesma hora, foi exaustão que me veio a mente.
Como chefe de família e empresária, exauri minhas forças, pesquisando, aprendendo e descobrindo coisas que nunca pensei, como contágio, veículo de contaminação, vias aéreas, protocolos, segurança, distanciamento, entre tantos outros termos novos, para manter minha família, clientes, e amigos seguros.
Depois exauri minhas forças para manter minha família em casa, vinte e quatro horas juntos e com disciplina e limpeza.
Fiquei exausta de manter uma agenda rigorosa de cuidados, exercícios, sol, vitamina C, vitamina D, muita água, frutas, legumes, meditação, yoga e um momento só meu.
Pesquisei e costurei máscaras, que fossem capazes de proteção.
Esgotei minhas forças pensando em como adaptar meu negócio para esse momento, mas não consegui.
Fiquei um trapo tentando me manter firme diante das minhas perdas, e não foram poucas.
Me acabei tentando me manter suave, diante de tanta truculência.
Queimei muitos neurônios tentando entender de onde vinha todo esse ódio e ressentimento que já há um ano acompanhava nas redes.
E com tudo isso ainda temos que lidar com vaidades políticas, negacionismos, teorias da conspiração, movimentos anticiência e antivacina.
Tivemos que lidar com a falta de empatia, com crueldade e total falta de solidariedade de um povo que acreditávamos ser o mais humano do mundo, decepção.
Nossa nação estava acéfala e sem comando, e comecei a sentir também uma grande desesperança.
Fiquei tão cansada, sem perceber, até que tive uma crise de pânico, não conseguia respirar, perdi o controle, ou percebi que nunca tive. Fiquei alguns dias sem condições de sair de casa, acho que chorei 48 horas seguidas, chorei tanto até que comecei a rir, e então chorei de tanto rir, e aos poucos fui me curando.
Foi um ano difícil, diferente.
Travamos uma guerra contra um inimigo invisível aos olhos, e nunca tínhamos estado em uma guerra.
E a arte, que eu tanto amo, que sempre me salva, ficou guardada, foi marginalizada, os artistas considerados páreas.
Eu espero do fundo das minhas forças que 2021 venha com outras energias, ou tenho medo do que contarão os livros de história.